Friday, February 6, 2009

A imprensa pelos norte-americanos


Brasília. Foi a primeira cidade que me veio à mente quando cheguei em Washington. São várias as semelhanças. Ambos os lugares foram projetados para serem capitais. As ruas são largas, e é muito fácil se encontrar, pois a maioria delas não têm nome, apenas números. Mas a semelhança mais óbvia é a ausência. No domingo, não havia ninguém no centro político norte-americano. Assim como na capital brasileira, muitos devem trabalhar lá nos dias úteis e voltar para casa no final-de-semana. Alertaram-me, dizendo para tomar cuidado, porque essa característica tornara Washington um ambiente perigoso.

Cautelosa, andei pela cidade reparando na sua extrema limpeza e organização, qualidades que estiveram presentes em todas os lugares dos Estados Unidos que visitei até agora. Resolvi me desligar do grupo de amigos para visitar o Newseum, o “museu” da imprensa norte-americano. As aspas têm um motivo. Esqueça a idéia de museu que você criou durante a sua vida. Aqueles institutos chatos, só com antiguidades, e que interessa poucas pessoas além das que vivem de arte ou de história.

A interatividade é o ponto forte do Newseum. No primeiro andar, você pode brincar de jornalista. Há vários computadores com jogos diferentes, nos quais o principal objetivo é descobrir, em um determinado tempo, o lead da matéria. Para os leigos: o quê, quando, quem, onde, como e o porquê do situação ter ocorrido. Após as respostas dos personagens às perguntas possíveis de serem feitas pelas alternativas fornecidas pela brincadeira, seu “chefe” dava dicas. Entre elas, estava: “isso é um fato” ou “isso é uma opinião”. Se o jogador fizer as perguntas certas, chega à resposta do problema.

No terceiro andar, a busca pela interatividade com os visitantes se torna ainda mais explícita. Há um espaço, que possui apenas uma mesa, mas pra mim foi o mais instigante. No superfície do equipamento - touch screen - é possível escolher uma capa de jornal. Ao tocá-la, surge uma pergunta sobre ética, cujas respostas se resumem a sim ou não. A mesa, então, qualifica a resposta com correta ou errada eticamente. A intenção de colocar em discussão essa questão jornalística é louvável, mas a forma como foi feita é discutível.

É claro. A resposta certa para a brincadeira é a dos grandes meios de comunicação. Afinal, quem decide e define o que é ético na minha profissão? Nossas relações sociais? Nossos princípios? A empresa/meio para qual trabalhamos? Eu - pelo visto, nem o Newseum - ainda não tenho resposta para essas perguntas. Terei aula de ética apenas nesse período da faculdade. Rs.

Vi o Brasil em duas das exposições. Um memorial foi erguido para os jornalistas “mais importantes” que morreram exercendo a profissão. Entre um dos casos mais recentes - um dos mais famosos pelo estardalhaço que a mídia fez -,estava o ex-repórter da Globo Tim Lopes. Uma foto e uma legenda diziam que os assassinos eram gângsters cariocas. É simplificar demais as mortes…

Em um mapa mundial, os idealizadores do museu classificaram os países quanto à liberdade da imprensa. O Brasil estava no meio termo: a mídia não seria tão livre nem tão censurada (segundo eles, porque os jornalistas têm uma relação muito próxima com os políticos). Mas o engraçado é que a maioria dos países subdesenvolvidos foram qualificados da mesma forma. A imprensa dos desenvolvidos - pasmem! Inclusive dos EUA! - foi considerada livre. Gostaria de saber quem julga esses fatores…

Sunday, January 25, 2009

E a saga continua...

Em uma coisa os filmes norte-americanos não mentem: o Central Park é realmente um lugar onde as pessoas podem ir tanto para fazer exercício quanto para apenas relaxar. Senti-me num longa-metragem ao me deparar com uma flautista solitário - que mereceu uma foto - e com uma família negra composta por quatro crianças, que cantavam músicas de natal na frente de uma das fontes. E, como tudo nos Estados Unidos, o parque é enorme, e não consegui visitá-lo totalmente.

A grandiosidade de Nova York também pode ser percebida na vista espetacular e inacreditável do Empire State. À noite, é possível ver cada continuo brilhante da ilha de Manhattan. Fiquei emocionada ao ver um dos pontos turísticos mais famosos do mundo. Pela primeira vez, desejei que minha família estivesse ao meu lado para apreciar o que estava vendo, e agradeci a Deus pela oportunidade que Ele me ofereceu. Chorei também ao assistir uma peça da Broadway. Ver Shrek ao vivo foi uma realização, após anos assistindo musicais.

A tecnologia é presença constante no dia-a-dia dos norte-americanos. Não foi diferente no meu caminho de NY para Washington. O ônibus - baratíssimo: 10 dólares - tinha wifi. Na estrada, fui conversando com alguns dos meus amigos. Internet de graça nos lugares públicos não é incomum. Na verdade, se os residentes dos EUA tiverem a chance de substituir mão-de-obra humana por máquinas, eles o farão. Você compra tíquetes para o metrô só através de computadores. É possível alugar um DVD só com uma máquina, tipo caixa eletrônico. Qualquer pessoa tem um carro e um celular - com touch screen e teclado - muito bons para os padrões brasileiros.

Agora, só um desabafo...

Sempre me assusto quando vejo a história se concretizando em algum momento dos meus passeios nos Estados Unidos. Segundo o meu aprendizado dos livros de geografia, os norte-americanos apóiam Israel desde o início do conflito com os palestinos, sobretudo na Faixa de Gaza. Muitos dos habitantes daqui do norte pertencem a famílias oriundas do país do Oriente Médio, e por isso há a ligação entre os dois lugares. Talvez esses descendentes tenham produzido a propaganda que assisti na televisão. O anúncio pedia dinheiro para ajudar os “amigos” iraelenses na guerra de agora, até com número de telefone. O vídeo mostra os palestinos como terroristas. A cara-de-pau dos norte-americanos é inacreditável...

Clique aqui para ver o comercial no youtube.com.

Sunday, January 18, 2009

Nova York à primeira vista...

Pode ser clichê, mas a palavra que melhor define Nova York é mistura. Quando peguei o metrô em dezembro, do meu lado havia dois franceses, dois japoneses, dois italianos e muuuitos latinos. Os últimos fizeram o espanhol se tornar a língua não-oficial dos Estados Unidos, pois assim falam 99,99999% das pessoas que, para os norte-americanos, possuem um emprego de "segunda mão". Os donos de lanchonetes e barraquinhas na rua às vezes são impossíveis de serem compreendidos. No entanto, estão entre as pessoas mais simpáticas.

Deve ser porque eles se identificam de alguma forma com as pessoas que estão chegando àquele país, mesmo que sejam turistas. Outros que sempre conseguem informar e tratam da melhor forma as pessoas são os guardas, sobretudo os de trânsito. Em compensação, digamos que fui "enxotada" por apenas querer uma informação. Acredito que parte desse sentimento um pouco xenofóbico dos norte-americanos vem da tragédia vista globalmente: a queda do World Trade Center.

Ao avistar o local onde ficavam as torres, fiquei muito surpresa. A profundidade que tinham as construções é enorme. E há toneladas e mais toneladas de entulho, mesmo sete anos depois. Eu e mais quatro amigas também do intercâmbio (Anna Carol, Gabriela, Gisele e Natalia) vimos também um quadro que retrata alguns momentos do acontecimento. Mesmo tendo acabado de voltar de um jantar super divertido e brincalhão, consegui sentir o clima pesado do local. Havia ainda flores e um pequeno caixão de papelão.

Mudei um pouco a minha imagem da tragédia por causa desse passeio. Por mais que tenha sido uma "pancada" nos norte-americanos, serviu para eles acordarem para o fato de que são vulneráveis. Mas o que aquelas pessoas sofreram lá dentro e os parentes que vivem tristes por conta disso até hoje, não tem preço. Senti por alguns instantes a "impotência" dos EUA diante daquela terrível situação. Por outro lado, o acontecimento foi usado como pretexto para duas outras guerras.

Combates que não tiveram o apoio da ONU, que tem um prédio também em Manhattan, por mais que isso pareça contraditório, sobretudo nos últimos anos, em que os EUA não têm respeitado as decisões do organismo internacional. A construção é do tamanho da importância do órgão, pena que não pude conhecer lá dentro, pois não há tour no sábado.

De qualquer forma, é proibida a entrada de visitantes na cúpula, como era de se esperar. Mas, do lado de fora, os turistas podem apreciar várias exibições - com fotos espetaculares - sobre todas as áreas em que a instituição atua. Quem me conhece, sabe como sou apaixonada por relações internacionais, então, foi realmente marcante estar no local onde as decisões mais relevantes do mundo são tomadas. Quando fui, os edifícios estavam vazios. Fico imaginando como devem estar agora com o conflito ocorrendo na Faixa de Gaza